Celebração à Nkosi fortalece cultura espiritual dos Bantu no Brasil

Já passavam das 22h00, de sábado (16/6), noite fria, 13ºC graus, em Itapecerica da Serra, São Paulo, quando os atabaques sagrados do Nzo Tumbansi anunciava a realização da celebração tradicional a Nkosi/Hoji, uma das divindades mais reverenciadas por povos de candomblé de feição bantu.

Vereador Toninho Vespoli e professora Adriana Vasconcelos
foram homenageados na Celebração a Nkosi

As dependências do Nzo Tumbansi, também espaço sede do ILABANTU, ficaram lotadas devido a presença de dezenas de convidados e visitantes, filhas e filhos de santo oriundos da capital paulista, Campinas, Guarulhos, Osasco, Belo Horizonte (MG), Cariacica (Espirito Santo) e Bahia, além de pesquisadores de diferentes universidades.

A celebração foi interrompida com a fala de Tata Katuvanjesi (Walmir Damasceno), na qual alertou para a onda de crimes de intolerâncias e racismo religioso, os quais tem sido praticados por todo o país, nos quais as vítimas são sempre povos e comunidades tradicionais de matriz africanas e de terreiros. Na mesma ocasião, Tata Katuvanjesi anunciou sua viagem para Angola dia 22/7, convidado para encontro com dois Soberanos Bantu, o Rei do Ndongo e do Bailundo, e 11 de agosto embarque para Libreville, capital do Gabão, para participar da Semana da Década dos Afrodescendentes, de 13 a 15 de agosto, coordenando a Delegação de Lideranças de Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana Bantu e de Terreiros, como Representante para América Latina do CICIBA.

O evento contou com a presença e participação de lideranças de Terreiros e de outros segmentos das matrizes africanas no Brasil, a exemplo de Mam`etu Luangoiasi, professora Anajete Coelho, do Nzo Ngunzu Nganga Kilumino Nkisi Nzazi, coordenadora regional sudeste do ILABANTU; Tata Lembareji, Inzo Nkisi Lemba dia Nganga; Tata Tundanji, Nzo Musambu Mutakalambo; Omo Ifá Obasodi; Mam`etu Oya Sivanju, Nzo Kilombo Ua Dilenga Sivanju; Tata Sérgio Nkosilê; Tomboloxi de Mavambo; Mam`etu Kakaragunje; Mãe Marilda de Iansã, representando a umbanda, entre outros, acompanhados de inúmeros filhos e filhas de santo.

Ao recepcionar e homenagear o vereador Toninho Vespoli e a professora Adriana Vasconcelos, o coordenador geral do ILABANTU e Nzo Tumbansi disse que o Mandato de Vespoli tem tido atuação marcante no combate ao racismo institucional e religioso com ações importantes, visibilizando as culturas tradicionais africanas e afro-brasileiras, citando por exemplo o projeto de Lei de autoria do Representante da Câmara Municipal de São Paulo, que institui o Dia Municipal da Cultura Bantu na Capital paulista.

Ainda na sua fala, Katuvanjesi disse que “as religiões de matriz africana têm sofrido nos últimos anos, duros ataques racistas de setores da sociedade brasileira. Terreiros destruídos, expulsão e violência contra as(os) adeptas(os) dessas religiões tem sido notícias constantes em todo o país. Mas, as medidas contra esses crimes e para proteger e salvaguardar essas religiões e culturas tradicionais requer ampliação do movimento de luta engajado por nós a fim de superar toda forma de violência correlata”, observou.

A festa foi brilhante, e bem antes da chegada da divindade Nkosi, os presentes assistiram momentos incríveis, a presença do nkisi Ndembwa (Tempo), incorporado pela Nengwa Yakunan, a carismática Mãe Janaina de Samba Kalunga, da Nzo Jindanji Lunda Kiôko, de Belo Horizonte (MG), para em seguida saudar Uambulu N´Sena (Bamburucema) incorporadas pelas Mam`etu Oya Sivanju, Sinderewí, Ianzenvula, Kianga Kiluminu e por fim surge Nkosi, incorporado pelo Tata Tunda Dya Mpemba, trazendo o Makundê acompanhado de outro Nkosi, da Mama Karamuita, ponto alto da celebração e confraternização.

As energias tranquilas permaneceram entre todo os fiéis e seguidores durante as muitas horas de festa que contou com momentos emocionantes e encontros potentes entre as pessoas e as divindades, difundindo inspiração que irradiava entre os participantes até o amanhecer. A dança sagrada de Nkosi e os cânticos entoados por vários Tata Kambandu que se revezavam entre Kamusenge (Terreiro do Bate Folha, Salvador/Bahia), Oni (Nzo Jindanji Lunda Kioko, Belo Horizonte/MG); Mulundjiame; Kajalandê(Nzo Jindanji Dandalunda); Kyalundi, Kamwele Nganga, Muxilandê, Kembolê, Kiadilunji, Mutondomi e Diego Garcia(Nzo Tumbansi); Mavikiazundo, Mambezo e Jakuaramensu, entre outros expressaram-se durante a fase da festa em danças e falas breves com bastante Ngunzu e, por seus relatos, sentiram-se bem recebidos pela casa e pela comunidade do povo-de-santo reunida no Nzo Tumbansi e sede o ILABANTU.

Ao completar o último toque da noite, antes dos atabaques se calarem e os Bankisi (santos) se retirarem dentre quem estava reunido, a felicidade de trilhar novos caminhos, e de conhecer mais profundamente as energias e os elementos da ancestralidade trouxe a todos fortalecimento da cultura ancestral e espiritual dos Bantu no Brasil, aprendizagem e reflexão.

Por Tata Kambandu e capoeirista Ngelwami – Ênio Sales de Oliveira, de Nkosi, coordenador nacional do ILABANTU

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  1. 18th junho 2018 | Olawale Kassola says:
    TAETO MATEBA KUKALA KUIZA! DIBIXÉ ! IUNA KUBANGA KUTA KUETU NKOSI! KIUÁ NGANGA PAMBU NJILA! Kavungo saúda à todos, Faltam palavras para dar forma e igualmente expressar a 'beleza' no sentido amplo da grandiosidade da Obra... Parabéns à todos!
  2. 19th junho 2018 | Lina Efigenia Barnabé Cruz says:
    Boa noite! Dariji mi pelo horário., Taata Katuvanjesi. Por razões pessoais não me fiz presente, o que lamento, e muito. Espero em Vodun estar na próxima. Eiu o parabenizo pelo teu empenho, há muitos e muitos e muitos anos, sem esmorecer e sem retroagir, uma micra sequer, em louvar e honrar Nkisi, lutar pelaa nossas Religiões de Comunidades Tradicionais de Matriz Africana, e incentivar e revigorar o debate das nossas questões. Mo júbà! Peço a Bênção.