Documento dos Povos de Terreiro

Os povos de Terreiro membros/delegados da 4º Conferência Nacional de Meio Ambiente vem a público através de suas entidades representativas (ACBANTU/BA, CENARAB-CONEN/RO, AKONTA/PA, MONABANTU/MG, ASLUK/MG, CEN/MG, TUPOIAOO/BA) nesta edição representados pelas lideranças afro-religiosas: Taata Koonmanmanjy/BA, Runthó Roberval Roberto Amorim de Carvalho/RO, Mametu Kaianileji (Kátia Hadad)/PA, Mametu Oiássimbelecy (Mãe Rita)/MG, Mametu Monakaiala (Marisa Neiva), Dikota Djaganga/MG, Antônio D’ogundelê/BA, Mãe Francisca/SE (Umbanda), querem compartilhar o seu descontentamento com os procedimentos do painel da 4º CNMA: Desperdício de alimentos e combate a fome, que aconteceu das 08:30h ás 10:30h, do dia vinte e cinco de outubro de 2013. Onde houve prática de racismo, preconceito, discriminação e intolerância de palestrantes e delegados presentes que direcionaram suas falas sobre o tema voltado de forma velada para o dogma, um palestrante Gremiski falou que a fome é negra, um delegado pediu a palavra e disse que não estava se sentindo bem com seu direcionamento do assunto, que foi Taata Konmanmanjy que a fome não tem cor sendo discriminado e tornou-se um defensório religioso por sua parte e dos participantes. Não obstante Mametu Oiássimbelecy foi agredida verbalmente e até vaiada pelos presentes uma falta de respeito e desumanidade por defender sua prática implica parte de sua fé e tradicional e cultural de nosso povo. Se fosse um político em demagogia ninguém vaia e sim bate palmas.Não satisfeito com os acontecimentos entramos eu Mam`etu Monakaiala, Mam`etu Oiássimbelecy e no segundo momento Mam`etu Kaianileji no banheiro do andar térreo e estávamos conversando sobre o acontecimento quando uma prestadora de serviços que passava pano no chão do banheiro começou a entoar cânticos de cunho religioso: “Queima, Queima senhor no seu fogo os ímpios…” falando que queime o satanás que bom que tinha agua para lavar os ímpios e saiu dando descarga em todos banheiros que usamos. A pessoa que foi a coordenação e falou que fomos nós que chegamos lá não viu o acontecido anteriormente quando Mam`etu Monakaiala que saiu sem reclamar nada e chamei minha companheira ai sim retornamos ao banheiro e Mam`etu Oiássimbelecy falou com a prestadora de serviços. Levamos ao conhecimento da coordenação que disse que iria trocar a pessoa de local para não gerar maiores constrangimentos e aconteceu que novamente entramos no banheiro e ela estava lá e começou novamente a dar descarga nos banheiros que usamos, chamamos a coordenadora do evento Antônia que nos pediu caridade sendo que o fato acontecia pela segunda vez com Mam`etu Monakaiala e Mam`etu Kaianileji.

Sentimos que a coordenação não capacitou no sentido a orientar seus facilitadores num evento de tamanha envergadura como a 4º conferência Nacional de Meio Ambiente que tem sua realização a pluralidade de diferentes no mesmo espaço.
Não coibindo de imediato ações como estas relatadas, como consta no artigo 22 do regimento interno da 4º CNMA, caracterizando assim ações de violência, racismo velado contra a cidadania, contra os delegados dos povos de terreiro, conferencistas eleitos por suas comunidades. Nossa participação advém do direito constitucional do seu artigo 5º que nos dá o direito de culto, a liberdade de expressão em todas as instâncias e o de ir e vir. Ações como estas ferem a lei universal dos direitos humanos e o estado laico de direitos. Desta forma pedimos que a Secretária Geral da Presidência da República se atente para que não volte a acontecer fatos como estes.

Brasília, 25 de outubro de 2013