Prefeitura de Itapecerica da Serra prepara tombamento do Inzo Tumbansi

Prefeitura de Itapecerica da Serra prepara tombamento do Inzo Tumbansi

O Nzo Tumbansi Twa Nzambi Ngana Kavungu, também conhecido como Terreiro Tumbansi, que em língua Kikongo de Angola quer dizer: Casa Pedaço de Terra do Deus Senhor dos Mistérios, sediado na cidade paulista de Itapecerica da Serra, passará a ser considerado de interesse histórico e cultural do município, de acordo com a Lei Municipal 2129, de 27 de setembro de 2010, que disciplina a proteção ao Patrimônio Histórico, Cultural e Artístico do Município de Itapecerica da Serra.
A garantia é do Secretário de Planejamento e Meio Ambiente, advogado Claudio Silvestre Rodrigues Junior, secretário interino de Assuntos Jurídicos, em reunião na manhã de 27/7 com Tata Nkisi Katuvanjesi(Walmir Damasceno): “O Inzo Tumbansi é um centro espiritual, espaço de vivências de saberes e fazeres ancestrais, tendo se destacado com seu engajamento em frentes de lutas políticas como instituição defensora e divulgadora das africanidades, chamando atenção e despertando interesses de pessoas do Brasil e Exterior, intelectuais ou pessoas simples”.
Empreendendo diversas e variadas ações, o terreiro desperta atenção de pesquisadores e estudiosos da temática africana e afro-brasileira, foi o caso do artista visual, Mario Pfeifer, ligado ao Museu de Berlin, que visitou o local na produção de vídeo sobre a história da Comunidade Tradicional de Matriz Africana Bantu. Ele já realizou trabalhos em diferentes meios – filmes, livros e instalações – em países variados – Índia, Chile, Estados Unidos, África do Norte. O Terreiro se destaca ainda na obra “Nkissi Tata Dia Nguzu – Estudos Sobre O Candomble Congo-Angola”, do falecido professor Sergio Paulo Adolfo, Universidade Estadual de Londrina/PR; e segundo seu idealizador e fundador, Tata Katuvanjesi, a comunidade tem se aproximado da academia intelectual e já recebeu personalidades como Yêda Pessoa de Castro, decana da UNEB, autora de “Falares Africanos na Bahia”, doutora em Línguas Africanas pela Universidade Nacional do Zaire, consultora de Línguas Africanas do Museu da Língua Portuguesa na Estação da Luz, São Paulo, membro da Academia de Letras da Bahia; Renato Ubirajara Botão, “Volta À Árica – (Re)Africanização e Identidade Religiosa no Candomblé Paulista de Origem Bantu”, Unesp(Marilia, SP); americano e iniciado no candomblé, Damien-Adia Marassa, da Universidade de Duke, Flórida(EUA); Janaina Figueiredo, “Nkisi na Diáspora – Ritos de Angola”; o angolano de Cabinda e radicado em São Paulo, professor Carlos Serrano; Vagner Gonçalves da Silva, professor e pesquisador do Departamento de Antropologia e do Programa de Pós Graduação em Antropologia Social da Universidade de São Paulo, que se encontra em fase de preparação do Laudo de tombamento do Inzo Tumbansi a nível do Condephaat – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo; Mireille Fanon Mendès France, ex-perita em direitos humanos da ONU e filha do lendário Franz Fanon. Marcou Inzo Tumbansi a visita histórica em março do ano passado da rainha Diambi Kabatusuila Mukalenga Mukaji Wa Nkashama (Rainha da Ordem do Leopardo), da República Democráticva do Kongo, e mais recentemente a presença do representante da Assembléia Nacional de Angola, deputado David Mendes, entre outros.
Inzo Tumbansi tem parceria com a Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e acordo de cooperação com Centro Internacional de Civilizações Bantu (CICIBA, sediado em Libreville, Gabão); Associação Mãos Livres Angola(Luanda, Angola); Centro Internacional de Pesquisa e Documentação sobre Tradições e Idiomas Africanos (CERDOTOLA, Yaoundé, Camarões).
Segundo Cláudio Silvestre, além das práticas tradicionais africanas, os terreiros também são representados como espaços de luta e resistência do povo negro, além da disseminação da cultura africana no Brasil. São considerados espaços de reprodução das matrizes africanas e sua interação com outras matrizes no Brasil, e o tombamento realizado pela Administração Pública Municipal, objetiva declarar o bem possuidor de valor histórico, cultural ou artístico e merecedor de especial proteção. O terreiro tem uma particularidade: realiza com clareza funções rituais, políticas, sociais e de lutas antirracistas e defesa dos direitos humanos, chamando atenção para diversas e variadas temáticas, por isso têm imenso valor, e o tombamento, além de proteger a integridade do imóvel, garante a continuidade das suas ações como espaço de ressignificação da vida, acolhimento e proteção”, sentenciou o Secretário que falou em nome do Prefeito Jorge Costa.

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