Realizado em São Paulo o festival internacional XIV Alaiandê Xirê 2013

Embu das Artes/SP – Com o tema “Origens, Tradições e Continuidades – Desafios da Cultura Afro-Americana no Século XXI”- foi realizado de 30/10 a 2/11/2013 o XIV Alaiandê Xirê – Seminário e Festival Internacional de Culturas Africanas e Afro-brasileiras – com o apoio do Instituto Alaiandê Xirê, do Ilê Afro Brasileiro Odé Loreci, do CERNe (Centro de Estudos das Religiosidades Contemporâneas e das Culturais Negras, do Departamento de Antropologia da Universidade de São Paulo), da Àgò Lònà Associação Cultural e da Prefeitura de Embu das Artes.

O Alaiandê Xirê – Festival Nacional de Alabês, Xicarangomas e Runtós – foi criado pelo Ogã de Ogum Roberval Marinho e pela Agbeni Xangô Cléo Martins, membros do Ilê Axé Opô Afonjá – BA, sendo realizado anualmente desde 1998 e seu patrono é o orixá Xangô. Tem por objetivo debater questões diversas sobre os povos e comunidades tradicionais de matriz africana com ênfase naquelas relacionadas aos músicos sagrados dos candomblés de todas as nações.

O encontro já foi realizado na Bahia, Recife e Brasília reunindo membros dos candomblés e reconhecidos intelectuais e acadêmicos de inúmeras universidades do Brasil e do exterior. Esse é o principal diferencial do Alaiandê.

Neste ano, o orixá homenageado foi Logunedé, orixá patrono do Ilê Afro Brasileiro Odé Loreci, onde se realizou o encontro, e tema da primeira mesa do dia 31 que discutiu sua importância na tradição africana e afro-brasileira com a presença de duas sacerdotisas de Ibadan na Nigéria.

Em outras mesas sacerdotes brasileiros e estrangeiros (como o babalaô nigeriano Ayoade Kazeem Adeleke), pesquisadores brasileiros de inúmeras universidades e estrangeiros vindos de Cuba, Estados Unidos e Europa, que junto a comunidade afro brasileira de São Paulo discutiu temas como: religiões no espaço público, convivência inter-religiosa, o sistema oracular de Ifá e a relação entre religião, políticas públicas, patrimônio e artes.

Outra atividade importante será a Roda de Conversa sobre o I Plano Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana, coordenado pela SEPPIR, com a presença de importantes lideranças religiosas, políticas e acadêmicas (como a profa. Silvany Euclênio – Secretária Nacional de Comunidades Tradicionais da SEPPIR-PR, e a Kota Mulanji Mona Kelembeketa, Regina Nogueira – médica e Coordenadora de Saúde da População Negra de Embu das Artes).

No Festival tivemos Alabês do Ilê Axé Opô Afonjá, da Casa Branca do Engenho Velho (Salvador – BA), do Ilê Axé Omo Oxê Igba Aladan (São Paulo – SP), os Muxiki N`Goma do Nzo Tumbansi Twa Nzaambi Ngana Kavungu (Itapecerica da Serra – SP), coordenado pelo Taata Kwa Nkisi Katuvanjesi (Walmir Damasceno), os Huntós da Casa das Minas de Thoya Jarina (Diadema – SP), os Xikarangomas do Manzo Nkisi Musambu (Carapicuíba – SP), entre outros.

As apresentações culturais ficaram a cargo do DJ Eduardo Brechó e do Samba de Roda da Nega Duda.

Aconteceu ainda lançamentos de várias obras literárias, homenagem a sacerdotes e sacerdotisas brasileiros, entre outras atividades.

No dia 1/11(sexta-feira) no XIV Alaiandê Xirê, foi a vez da apresentação do terno de Muxiki N’Goma do Inzo Tumbansi Twa Nzaambi Ngana Kavungu de Itapecerica da Serra – SP. Nos atabaques, revesaram Taata Kiadilunji (Everton Cruz, de Kavungu), Taata Kamukenge Kyalundi Nzaambi (Alex Damasceno, de Kongolo), Taata Kwaasikembe (Gleidistone Brandão, de Nlemba), Taata Kembolê dia Nzaambi (Daniel Bonifácio, de Nlemba) e Taata Kwa Nkisi Katuvanjesi (Walmir Damasceno) que fez a voz e os cantos sagrados que encantou e emocionou a platéia presente, principalmente o magnifico anfitrião do evento, Babá Léo de Logunede, que ao final da apresentação de Taata Katuvanjesi disse que rememorou os seus mais de 42 anos de iniciado no candomblé, principalmente quando o Sacerdote louvou o Nkisi Mutaloombo.

Durante uma hora, os Kambondos (mestres percussionistas) e o sacerdote do Inzo Tumbansi apresentou músicas sacras em louvor aos Bankisi, com toques de kongo-ngola como: Kongo, Munjola, Kabula e Bongo. A apresentação incluiu entre músicas, explanações sobre a tradição musical do Candomblé de congo-angola.

Na cerimônia de encerramento do importante festival o terno de Muxiki N`goma do INZO TUMBANSI foi homenageado pelo Representante da Comissão Organizadora do Alaiandê Xirê, professor doutor Vagner Gonçalves, entregando ao Taata Kwa Nkisi Katuvanjesi(Walmir Damasceno), o troféu ALAIANDÊ XIRÊ 2013 na presença de importantes lideranças de povos e comunidades tradicionais de matriz africana e do mundo acadêmico do Brasil e do Exterior.