Terreiro de candomblé paulista discute com Nilma Lino enfrentamento de racismo religioso e institucional

Na última sexta-feira (17/3), a professora doutora Nilma Lino Gomes visitou o Nzo Tumbansi, sede do Instituto Latino-Americano de Tradições Bantu (ILABANTU), em Itapecerica da Serra, região metropolitana de São Paulo. A Ministra do Governo Dilma Rousseff foi recebida por Tata Nkisi Katuvanjesi, o pai Walmir Damasceno, sacerdote do terreiro de candomblé de matriz Congo Angola, que promoveu um jantar, com um cardápio inspirado na culinária tradicional dos africanos de origem bantu, civilização localizada principalmente na África subsaariana, considerados os primeiros negros a serem escravizados para o Brasil e responsáveis por grande influência na construção e formação da sociedade brasileira.

Além da presença da Ministra, o jantar teve a participação de diversos convidados, representantes da sociedade civil, de acadêmicos e intelectuais que lutam contra o racismo, a intolerância religiosa e a igualdade de gênero e racial. Em meio a tanta diversidade de pensamento, formações, idades e experiências, questões como as desigualdades raciais, a violência religiosa, o acesso das populações vulneráveis socialmente à educação e aos direitos básicos de dignidade humana foram abordados no encontro.

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Segundo a Ministra, que foi a primeira mulher negra a comandar uma universidade pública federal, a Unilab, é preciso união e mobilização dos povos de matriz afro-brasileira para que possam ser combatidos os problemas que assolam esta população marginalizada e estigmatizada, muitas vezes apenas pelo tom da pele. Nilma ainda relatou as propostas que estavam em elaboração para o segundo plano do Governo Federal, durante sua gestão à frente do Ministério das Mulheres Igualdade Racial e Direitos Humanos, do Governo Dilma Rousseff, para combater as intolerâncias e discriminações que sofrem os negros e as negras no Brasil.

O clima era de descontração e irmandade, antes de ser servido o saboroso jantar preparado pelas filhas de santo do terreiro, Tata Katuvanjesi, Walmir Damasceno, abriu a fala, em que narrou como foi feito o convite para a Ministra e os desejos desta aproximação entre o ILABANTU, pesquisadores, educadores e sociedade civil organizada. Para o sacerdote, a presença de Nilma Lino e de tantos convidados é uma demonstração que as discussões sociopolíticas dentro dos terreiros se fazem necessárias, pois nestes espaços há uma resistência cultural e acolhimento importante para preservação de uma identidade cultural discriminada, mas vital para a consolidação de um país mais justo e que valorize a própria origem. Segundo Tata Katuvanjesi, as religiões de matriz africana têm importante papel nesta luta.

Por: Márcio Brito Neto