Instituições Religiosas

As histórias mitológicas que tem como motivo as instituições religiosas nos são muito preciosas porque revelam por sob o véu da aparente opacidade a gênese de instituições religiosas que permaneceram e receberam o sopro renovador, transformando-se sem perder a essência, nas instituições religiosas afro-bantu no Brasil. É certo que não temos aqui práticas como a da circuncisão masculina ou da iniciação feminina – a casa das tintas – mas temos a conseqüência dessas práticas nas nossas práticas rituais, muitas vezes, escondidas em nomes diferentes e até exógenas ao nosso cotidiano religioso. Dentro das cerimônias praticadas hoje pelos afro-bantu há muitas práticas e elementos do pensamento bantu original presentes sem que muitas vezes tenhamos disso ciência muito clara.

ORIGINE DE L’ASSOCIATION RELIGIEUSE MASCULINE MUGONGE

PENDE:
ORIGINE DE L’ASSOCIATION RELIGIEUSE MASCULINE MUGONGE
ORIGEM DA ASSOCIAÇÃO RELIGIOSA MASCULINA MUGONGE

Tradução livre do Prof. Dr. Sérgio Paulo Adolfo
Iteusch, Lui de. Lê Roi Ivre ou L’origine de l’etat. Lês essais CLXXIII, Gallimard, 1972

Os homens tinham enviado kimunga, o gavião comedor de nós de palma (makezu) (gypohierx angolensis) procurar, no céu, o caolin branco (pemba) signo da paz e das benesses divinas. Mas no curso da viagem de volta ele pinta seu próprio ventre com a pemba, mas não consegue pintar de branco todo seu corpo de maneira que os dedos e as asas continuaram negros e assim o são até hoje. Por ter usado a pemba para pintar-se a si próprio, Kimunga não pode oferecer aos homens senão a terra vermelha, ngula, cor do sangue e da guerra, que ele carrega também em sua plumagem. Esta é a razão porque a iniciação no mungonge é sangrenta.

MITO 11, KUBA : ORIGINE DE LA CÉRÉMONIE D’INITIATIATION
KUBA : ORIGINE DE LA CÉRÉMONIE D’INITIATION
ORIGEM DA CERIMÔNIA DE INICIAÇÃO

Tradução livre do Prof. Dr. Sérgio Paulo Adolfo, Heusch Lui de. Lê Roi Ivre ou L’origine de l’etat. Lês essais CLXXIII, Gallimard, 1972

Um jovem que tinha atingido a fase adulta habituou-se a beber vinho de palma em companhia de sua mãe, sem jamais oferecer a seu pai. Quando o pai pede a ele o vinho, o rapaz não hesita em tratá-lo com desdém e desprezo. O pai então resolve punir o filho impertinente, e para tal se esconde depois que o sol se põe, no caminho que conduzia ao palmeiral. Logo, ele percebe seu filho carregando duas grandes cabaças de vinho, e ele, o pai, põe-se a executar um instrumento musical criado por ele, que se constituía de um pequeno galho de palmeira envergado por uma corda e que produzia um som lúgubre que impressionou profundamente o rapaz. Abandonando as cabaças ele voltou correndo para a cidade. Esta cena repetiu-se inúmeros dias, até que um dia, em casa, o pai perguntou-lhe porque ele não bebia mais vinho de palma, ao que o filho contou-lhe que havia um fantasma no palmeiral. O pai então de forma zombeteira sugere a ele que faça ao fantasma, ou seja, trate o fantasma da mesma maneira ofensiva que o tratava a ele, o pai, sempre. O filho então resolve seguir os conselhos do pai e o fantasma nunca mais aparece, e o rapaz passa a oferecer vinho de palma ao pai. Baseado nessa experiência, o pai do rapaz convoca os anciãos da cidade e juntos decidem instaurar o rito de iniciação para os jovens rapazes, com a finalidade de ensinar os filhos a não mais enfrentarem seus pais e aprenderem a respeitar suas forças psíquicas

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *