Ilabantu impulsiona projeto de intercâmbio com Angola

Da Redação em Luanda, Angola

Luanda/Angola – O ILABANTU – Instituto Latino Americano de Tradições Afro Bantu, organização não governamental estabelecida na região da grande São Paulo, Brasil, a mais importante capital econômica da América Latina, persiste com o projeto de revalorização dos aportes culturais dos africanos e seus descendentes, com os olhos voltados para a Terra-Mãe(África).

luanda-angola-katuvanjesi-walmir-damasceno-4Dra Judith Luacute, Walmir Damasceno, empresário Dr. Domingos
João Baptista Tchipongue e jornalista José Armando Estrela

A informação foi dada pelo Coordenador nacional da instituição, Walmir Damasceno, ao desembarcar no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, em Luanda, sendo recebido e ciceroneado pela Secretaria de Relações Internacionais e Representante para África austral da instituição sediada no Brasil, Judith Luacute. Em seguida foi realizada reunião de trabalho ocorrida no restaurante Esplanada Grill, na Ilha de Luanda, com a direção internacional do ILABANTU em Angola e toda região da África austral, liderada pela doutora Judith Luacute, o jornalista José Armando Estrela, diretor de imprensa e divulgação do Instituto para Angola e África austral, e do articulista Avelino da Costa, um fato considerado significativo dado o forte laço histórico que une Angola e Brasil. Damasceno que é descendente de angolanos, se encontra no país africano fazendo contatos com autoridades do Governo, empresários e membros da comunidade acadêmica.

Durante visita à capital da República de Angola, que já dura uma semana, tem tido encontros com especialistas do mundo acadêmico e impulsionado estes a investirem seus conhecimentos científicos e formação no sentido de contribuir na manutenção da cultura tradicional africana bantu no Brasil, como parte dos valores civilizatórios, possibilitando o combate a ignorância do valor cultural africano, ingredientes este, segundo o Coordenador, que tem gerado racismo e intolerância.

Walmir Damasceno, Dra Judith Luacute, Avelino da Costa,
articulista; jornalista José Armando Estrela (Jornal de Angola);
e o motorista Augusto Gomes Camavo, em reunião – almoço no
Restaurante Esplanada Grill, na Ilha de Luanda, Angola

O coordenador do ILABANTU tem se mostrado preocupado com o fato de a juventude latino-americana e em particular, do Brasil, não conhecer a cultura tradicional tão presente nas terras continental sul americana, um legado bantu angolano herdado a partir do tráfico de escravos.

Disse ser responsabilidade do ILABANTU e principalmente das autoridades tradicionais dos chamados Terreiros, espaços reproduzidos no Brasil como forma de ressignificação da vida, acolhimento e proteção, conhecidos por povos Congo-Angola, a influenciarem junto aos governos latinos americanos e em particular do Brasil para inserção no berço escolar a transmissão aos jovens sobre os usos, hábitos e costumes que fazem parte da identidade dos Bantu, especialmente dos angolanos, evitando, assim, a perca destes valores na afro latino américa, região do mundo que recebeu grande contingente de africanos escravizados.

Apelo

Na capital Luanda, Walmir Damasceno traçou uma agenda de encontros com especialistas de vários setores da vida do país angolano, que para além das suas preocupações com a revalorização das culturas tradicionais dos povos bantu, incluiu inicialmente reunião-jantar com o professor doutor Arlindo Isabel, diretor geral da Mayamba Editora, empresa responsável pela edição do Dicionário Português-Kikongo e outras importantes literaturas. Neste encontro, Walmir Damasceno apelou, mais uma vez, as autoridades do universo acadêmico da necessidade de prosseguir com intercâmbio a fim de enriquecer de informações adequadas os afro brasileiros, suprindo a carência de materiais que possibilite de forma correta a manutenção das línguas tradicionais bem como a realizarem palestras que visam revalorizar a cultura africana bantu e em particular de angola na diáspora e que possa ajudar a promover a mudança de consciência das pessoas.

luanda-angola-katuvanjesi-walmir-damasceno-1Dr. Elias Isaac, diretor, Walmir Damasceno e Emilio Manuel,
gerente de projetos,
OSISA – Open Society Initiative for Southem
África, final de reunião aqui Luanda, Angola

O Dicionário Português-Kikongo será lançado no Brasil por seu autor, escritor angolano Francisco Narciso Cobe, concretizando um sonho em uma das duas áreas da sua formação científica – ciências da linguagem. A V Conversa de Terreiro, dias 22 e 23 de agosto deste ano, abordando como temática “A Revalorização dos Aportes Culturais dos Africanos e Seus Descendentes na Construção do Brasil e da Afro Latino América”, este evento tem procurado reunir mestres e mestras dos saberes e fazeres ancestrais, professores, especialistas da educação, pesquisadores, estudiosos e lideranças de povos e comunidades tradicionais de matriz africana, tornado um importante fórum de discussão de temas relacionados a escravidão e história da presença africana no Brasil e na américa latina.

O coordenador nacional do ILABANTU, que exerce igualmente reconhecimento sobre dos afro brasileiros, uma espécie de Soba naquele pais da América Latina, autoridade tradicional junto aos descendentes dos bantu no Brasil, considera positiva a visita a Angola, principalmente com os contatos mantidos com reinos tradicionais, afirmando que esse intercâmbio enquadra-se nas ações que visam envolver as autoridades tradicionais na celebração da Década dos Afrodescendentes.

luanda-angola-katuvanjesi-walmir-damasceno-2Walmir Damasceno e Jorge Manuel das
Organizações Jorge Afonso

Em um momento de implementação de políticas de reparação no Brasil – como políticas de ações afirmativas e de revalorização e incentivo à criação de marcos das culturas material e imaterial dos povos negros-africanos, e neste Ano(2015), em que a ONU celebra a Década dos Afrodescendentes, o ILABANTU vem dando evidência a essas manifestações como parte dos valores civilizatórios dos povos e da incomensurável presença Bantu angolana no Brasil.

luanda-angola-katuvanjesi-walmir-damasceno-3Professor doutor Arlindo Isabel, diretor geral da
Mayamba Editora e Walmir Damasceno

“Há toda necessidade de se conhecerem esses valores que o Brasil continental preserva e mantém, e a interação com as autoridades tradicionais dos povos Kimbundu, Umbundu, Nhaneka-Humbi, Cuanhama, Ngangela, Lunda-Tchokwe, Bakongo, e outros povos, vai permitir conhecer melhor a presença marcante dessas culturas e sua inegável contribuição na construção e formação do Brasil”, informou.

Em fevereiro deste ano Damasceno foi recebido pelo soberano do Bailundo, Armindo Francisco – o Rei Ekuikui V e homenageado pela corte do Reino, a quem formalizou o convite oficial para uma visita ao Brasil, a primeira de um Rei Tradicional Bantu após a escravidão.

3 comentários em “Ilabantu impulsiona projeto de intercâmbio com Angola”

  1. maría-i. faguaga

    Fico feliz com os encontros e as trocas que estou tendo os irmaos afrobrasileiros de ascendencia bantu e os irmaos angolanos. Estes trascendem esses espaços e são importantes para a afrodescendencia, de origem bantu ou nao, de nosso continente ou ai onde esteie. Como afrodescendente cubana e como estudosa das problematicas que nos atingem, lhes parabeniço e espero ainda mais.

  2. Mirtes de Souza Miranda

    Boa noite. Sou mestre em Educação Matemática formada pela Unian no Brasil e investigou sobre formação de professores e constituição de grupos de estudos na escola com foco na formação continuada. Desenvolvo na escola pública o Projeto as cores da afrobrasil com alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Meu grande sonho é conhecer Luanda. Gostaria de receber orientações.

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