
A Câmara Municipal de Salvador homenageou o Taata Nkisi Katuvanjesi (Walmir Damasceno) com o Título de Cidadão de Salvador. A honraria foi entregue durante sessão solene realizada dia 2 de dezembro, no Plenário Cosme de Farias da casa legislativa, no centro da capital baiana.
O evento contou com participação de líderes e representantes de Terreiros de Candomblé da nação Angola: Tumbenci, Tumba Junsara, Bate Folha, Angolão Paketan (Mariquinha Lembá), Goméia, da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi) e reuniu familiares, amigos, parlamentares, lideranças de movimentos sociais e representações institucionais de diversos setores da sociedade.

Coube a Kota Kiriguanum, Marinalva Bispo dos Santos, de Bamburucema, no auge dos seus 80 anos, conduzir Taata Katuvanjesi ao plenário da Câmara Municipal de Salvador ao som dos atabaques sob a responsabilidade da Escola de Atabaque Irmãos no Couro, liderada pelo instrutor Tonsele Lacerda, e cânticos a Kavungu entoados por Taata Zingê Lumbondu (Xuxuka), presidente da Associação Beneficente de Manutenção e Defesa do Terreiro Tumba Junsara (ABENTUMBA), que integra a coordenação do ILABANTU na Bahia, fazendo coro as falas, enaltecendo o homenageado.
Bastante conhecido pelos trabalhos de luta por igualdade racial e por garantia de direito e respeito aos povos e comunidades africanas e como ativista de direitos humanos, Taata Katuvanjesi (Walmir Damasceno) é um líder do povo e comunidades de matriz africana. Com formação em Jornalismo, atuou no Jornal da Bahia, Tribuna da Bahia, A Tarde e Correio. Também tem no seu currículo formação em Direito e licenciatura em Letras. Engajado desde cedo nos movimentos de luta por terra, Damasceno atua em diversas localidades, incluindo até São Paulo. A honraria dada ao líder religioso foi a primeira homenagem que ele recebeu da Câmara Municipal de Salvador.

Compuseram a mesa de trabalho, além dos já citados, o deputado estadual Hilton Coelho (PSOL); o prefeito de Barra do Rocha, professor Léo (Luís Sérgio Alves); o diretor cultural da Casa de Angola na Bahia, Benjamin Sabby; a presidente da Sociedade Protetora dos Desvalidos, professora Ligia Margarida; o presidente da Associação Beneficente de Manutenção e Defesa do Terreiro Tumba Junsara(ABENTUMBA), Taata Zingê Lumbondu (Esmeraldo Emetério de Santana – Xuxuka); e a secretária estadual de Igualdade Racial da Bahia, Fabya Reis.
“Taata Katuvanjesi (Walmir Damasceno) tem uma vida dedicada aos movimentos sociais, movimento negro, luta pelos direitos humanos e pelo respeito às religiões de matrizes africanas. Essa homenagem é para destacar a importância dessas ações realizadas por ele em todas as áreas de atuação social em que se destaca”, pontuou o vereador Marcos Mendes, proponente da honraria.

“Este é um ato de reconhecimento e abraço coletivo da cidade de Salvador ao Taata Katuvanjesi (Walmir Damasceno), sem dúvidas, pelas contribuições para preservação do conjunto de tradições de matrizes africanas. Seu trabalho determinado e cuidadoso, sempre conectado com as lutas baianas, tem contribuído com muitos debates e na valorização da diversidade religiosa”, ressaltou a titular da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, socióloga Fabya Reis, que compareceu à solenidade.
Presente a cerimônia, prefeito de Barra do Rocha, cidade natal de Walmir Damasceno, professor Léo, destacou a luta pela superação das desigualdades enfrentadas por Taata Katuvanjesi. O representante barrochense esteve acompanhado do vice-prefeito, Alex Muniz e do ex-prefeito, Jonatas Ventura; o presidente da Acbantu, Taata Konmannanjy; a coordenadora regional do ILABANTU na Bahia, Kota Sualankala, professora e historiadora Ana Amélia dos Santos Cardoso.
Sobre o homenageado
Walmir Damasceno nasceu em Barra do Rocha, no sul da Bahia. De origem humilde, logo cedo se destacou por seu olhar crítico e pela intensa inclinação aos estudos, o que o levou a deixar sua cidade natal muito jovem e fosse em busca de seus objetivos. Atento às questões sociais, aos 15 anos iniciou sua militância política, dividindo seu tempo entre a escola, a política e os bicos que conseguia para sobreviver, evidenciando sua personalidade aguerrida e determinada.
Entre seus feitos está a fundação do Juventude Democrática Social (JDS). O homenageado foi um dos apresentadores de programas de Rádio em Ipiaú, cursou a faculdade de Comunicação e, em São Paulo, formou-se em Direito e Letras.
Ele atuou como jornalista dos maiores jornais de Salvador e sempre esteve entre as lideranças nas Federações de Culto Afro-Brasileiro.
Residente há mais de trinta anos no estado de São Paulo, é líder de um terreiro de candomblé “Kongo Angola” de feição Bantu, na cidade de Itapecerica da Serra, onde tem se dedicado a organizar e presidir pesquisas, conferências e palestras, nacionais e internacionais para promoção da igualdade racial, valorização da história e da cultura africana e afro-brasileira.
É dirigente do Instituto Latino Americano de Tradições Afro Bantu (Ilabantu), é representante do Centro Internacional das Civilizações Bantu (CICIBA) e foi empossado, este ano, como imortal da Academia de Ciências, Letras e Artes de São Paulo, além de ter sido indicado e confirmado como Representante diplomático responsável pelo Centro Internacional de Pesquisa e Documentação sobre Tradições e Idiomas Africanos (CERDOTOLA), instituição de cooperação científica para a preservação, disseminação e apresentação do patrimônio africano.