Acompanhado da coordenadora regional do ILABANTU na Bahia, Kota Sualankala (Ana Amélia Cardoso), Taata Katuvanjesi (Walmir Damasceno), visitou um dos mais importantes terreiros de candomblé da nação Angola, Terreiro São Jorge Filhos da Gomeia, que igualmente abriga sede de um dos blocos afro mais tradicionais da capital baiana. O Bankoma é nomeado a partir de uma palavra de origem bantu, povos da África austral e central, cujo significado resume a festa que é o Carnaval: reunião de pessoas. Criado para mostrar às pessoas o que é produzido dentro dos terreiros, o bloco é acompanhado por 350 terreiros em seu desfile.
Na entrada principal do Terreiro, Katuvanjesi foi recebido e saudado pelo Taata Kaixikiangunzo – Pedro Cortez, especialista em Direito Tributário e assessor de Investimentos, para em seguida ser apresentado a líder e herdeira da saudosa Mãe Mirinha de Portão, Mametu Kamurissi, a carismática Mãe Lúcia de Bamburucema. Houve um tempo em que mãe de santo era praticamente uma instituição. Mãe Mirinha de Portão, por exemplo, fazia tudo no Terreiro São Jorge Filho da Gomeia, que ela construiu em 1948 em Lauro de Freitas, na região metropolitana de Salvador (BA). Tudo e mais um pouco. “Era a parteira, a agência de emprego, a conselheira, a psicóloga, a médica, a que dava comida, a que pedia a construção do hospital, o asfaltamento das ruas”, enumera Mametu Kamurissi, neta da lendária Mãe Mirinha, que assumiu a liderança do terreiro e o transformou em associação em 1995.
O Bankoma começou como Ponto de Cultura e funciona desde 2005. Taata Katuvanjesi, convidado oficialmente para desfilar no Bloco no carnaval do próximo ano, visitou o Museu Comunitário Mãe Mirinha de Portão, a Biblioteca, o espaço Kula Tecelagem, o Centro de Cidadania Digital. Cursos de percussão, fabricação de instrumentos, dança, corte e costura e estética afro são algumas das atividades oferecidas à comunidade. “As oficinas culminam no carnaval, quando o Bloco Afro Bankoma leva para a avenida tudo o que a gente trabalhou durante o ano: a música, a dança, a confecção de adereços, as roupas, a tecelagem, os instrumentos”, ressalta Mãe Lúcia.
A criação do bloco afro, ela conta, foi para isso mesmo: para dar voz à comunidade e mostrar o que é feito nas oficinas com as crianças, os jovens e os adultos ao longo do ano. Porque eles confeccionavam roupas e adereços, fabricavam instrumentos de percussão, aprendiam coreografias, aprendiam a tocar e cantar… e não tinham onde mostrar. “O carnaval é a nossa grande vitrine”, afirma. “Tanto que a gente faz dois desfiles: um com os jovens na avenida, em Salvador, e outro na comunidade, na quarta-feira de Cinzas, para a criançada participar.”