por Tata Dimixi Dyá Nzambi (Tadeu Kaçula)
Uma das instituições mais importantes na história moderna do ocidente e na formação da identidade sociocultural do maior país da América do Sul, o Brasil, é a instituição Candomblé. Este legado cosmológico criados pelos povos das diásporas africanas é parte estrutural das principais tecnologias de resistência, sobrevivência epistemológica e reumanização dos ancestrais africanos que, a partir desses processos, criaram os mecanismos de enfrentamento ao escravismo e aos aparatos opressivos utilizados pelo colonialismo como forma de impedir a autonomia e a liberdade dos africanos sequestrados do seu continente e trazidos para serem escravizados no Brasil e no continente americano.
As guerras, batalhas e as inúmeras dificuldades que os nossos ancestrais encontraram ao longo dos séculos para manter a nossa tradição viva e fortalecida foram árduas, porém exitosas do ponto de vista da preservação e fortalecimento cultural das religiões de matriz africana, com um corte significativo para o candomblé de nação Kongo-Angola.
Pensar na importância dessas instituições conhecidas como Candomblé e manter um contato orgânico com a sua tradição litúrgica, nos permite compreender a importância do culto aos Bankisi, bem como nos permite ter a oportunidade de reafricanizar os nossos corpos, nossas mentes e a nossa essência espiritual.
Tivemos a oportunidade de ver esses valores civilizatórios, espirituais e tradicionais muito fortalecidos na festa de Nkosi, mera similitude de Ògún, ocorrida no último sábado, dia 6 de julho, no Nzo Tumbansi. Uma celebração que reafirmou a tradição deste importante terreiro de Candomblé Kongo Angola, cujo Twa Nzambi Ngana Kavungu se levanta como Nkisi regente do terreiro.
A condução dos ritos e celebração é sempre muito cuidadosa e minuciosa, pois esses são valores que o Tata Nkisi Katuvanjesi, autoridade espiritual e tradicional do Nzo Tumbansi, mantém como parte das tradições do Candomblé Kongo Angola.
As festividades tradicionais em saudação e agradecimento aos Bankisi pelas conquistas espirituais e estruturais já é uma tradição no Nzo Tumbansi que anualmente realiza as celebrações tradicionais como parte das atividades oficiais do terreiro.
A celebração à Nkosi contou com uma participação expressiva de filhos, frequentadores, amigos, devotos e simpatizantes dos trabalhos desenvolvidos no Nzo Tumbansi, além da presença de algumas autoridades e convidados especiais como a vereadora de São Paulo Luana Alves (PSOL) a Ekedi capitã Thais Trindade d´Ògún e capitã Elma Pimentel, ambas do Núcleo de Religiões da Polícia Militar do estado da Bahia(Nafro PMBA), e Centro de Valorização da Mulher Maria Felipa, além da presença de Tatas Nkisis, Babalorixás e religiosos vindos de diferentes regiões de São Paulo e do Rio de Janeiro como os filhos do Ilê Obá Izo, Joyce Viana e Kleber Ferreira que vieram à São Paulo pela primeira vez exclusivamente para a festa de Nkosi.
Essa foi uma das celebrações mais importantes e emocionantes realizadas para o nkisi Nkosi, pois, além de ser uma festa muito aguardada no calendário anual do terreiro, foi uma edição marcada pela presença massiva da comunidade de terreiro numa cerimônia que confirmou a obrigação de três anos Quetty Cristiane de Hongolo, Dafene Kalistene de Kayango, Wesley Henrique de Hongolo, além da obrigação de quatorze anos do Kota Bandalekongo de Nkosi, um dos filhos mais queridos e celebrados do Nzo Tumbansi.