Celebração marcada para 12 de julho reafirma valores civilizatórios e espirituais de matriz bantu e homenageia Nkisi associado a Ògún, símbolo de força e resistência
Uma das principais casas de Candomblé da tradição Kongo Angola no Brasil, o Inzo Tumbansi, liderado pelo Tata Nkisi Katuvanjesi (Walmir Damasceno), prepara-se para realizar, no dia 12 de julho, a partir das 21h, uma de suas mais significativas celebrações: a festa para o nkisi Nkosi, divindade arquetípica dos movimentos humanos e naturais voltados à irrupção e expansão das forças transformadoras.
A cerimônia ocorrerá na sede do terreiro, em Itapecerica da Serra (SP), e contará com a presença de lideranças tradicionais, intelectuais, autoridades e devotos das religiões de matriz africana.
As celebrações festivas e tradicionais representam um dos pilares das práticas rituais nos terreiros de Candomblé. No Inzo Tumbansi, essa vivência adquire contornos singulares. Inserido na tradição Kongo Angola, de matriz bantu, o terreiro cultiva práticas oriundas não apenas de Angola, mas de um amplo território da África Central, que inclui regiões do atual Congo, República Centro-Africana, Camarões, Gabão e Guiné Equatorial. Trata-se de uma herança civilizatória preservada por meio de práticas que extrapolam o sagrado e se manifestam no cotidiano, nas relações, na oralidade e nos gestos comunitários.
Diferentemente da padronização religiosa imposta por modelos ocidentais, a vivência espiritual no Candomblé Kongo Angola é marcada pela pluralidade e pela reinvenção constante. Cada terreiro guarda sua singularidade, embora mantenha elementos comuns com outros espaços sagrados. No Inzo Tumbansi, essa reinvenção se expressa, por exemplo, nas cores dos tecidos dos barracões — que remetem às bandeiras dos antigos reinos africanos — e no culto a nkisi como Nkosi, divindade cuja similitude com Ògún reforça a conexão entre tradição e resistência.
Participar de uma celebração como a do dia 12 de julho é, portanto, mais do que presenciar um ritual: é experimentar um processo de reafricanização, de reconexão espiritual e de reafirmação identitária. É reviver uma cosmovisão onde o sagrado se manifesta no corpo, na palavra, nas danças e nas música, nos elementos naturais e no cuidado. E é também testemunhar a potência do Candomblé como tecnologia ancestral de resistência e reorganização comunitária.
A condução da cerimônia será feita com o rigor litúrgico que marca a atuação de Tata Nkisi Katuvanjesi, referência nacional e internacional nas tradições afro-bantu. Estão confirmadas as presenças de representantes de terreiros tradicionais, pesquisadores, lideranças políticas e sociais, além de membros da comunidade afroreligiosa.
Assessoria de Comunicação Social, Imprensa e Divulgação
Instituto Latino Americano de Tradições Afro Bantu (ILABANTU)
Inzo Tumbansi
Tel.: 11 9 93391977

