Rei Tradicional Bantu convida Judith Luacute ao Palácio Real para preparar visita de Katuvanjesi

Bailundo/Angola – O Rei do Bailundo, Armindo Francisco Kalupeteka “Ekwikwi V”, convidou na tarde de hoje (8 de fevereiro) a doutora em enfermagem, Judith Maria Cecília Luacute, secretaria de Relações Internacional e representante do Ilabantu para África austral, que se encontra em Luanda, capital daquele país africano, para uma reunião de trabalho a fim de preparar a recepção ao Taata Katuvanjesi – Walmir Damasceno, e as homenagens que lhe serão prestadas na sua visita oficial ao Ombala Mbalundo (Palácio Real), que acontece dia 18 deste mês.

walmir-damasceno-judith-luacuteJudith Maria Cecília Luacute e Walmir Damasceno

Katuvanjesi embarca na tarde do dia 16 para Luanda, e de lá segue para o Bailundo, município localizado na província do Huambo, região do planalto central de Angola. A viagem de Taata Katuvanjesi, que conta com o apoio da Embaixada da República de Angola no Brasil e do Consulado Geral de Angola em São Paulo, em parceria com representações do movimento negro e de povos e comunidades tradicionais de matriz africana, a exemplo da Afrocom, Cenarab, Acbantu, objetiva preparar a vinda de Armindo Francisco Kalupeteka “Ekwikwi V”, o primeiro Rei Tradicional Bantu a pisar em território brasileiro, um fato histórico após a escravidão.

walmir-damascenoWalmir Damasceno – Taata Nkisi Katuvanjesi

A visita do soberano do Bailundo ao Brasil acontece dia 4 de abril deste ano e cumprirá agenda intensa em São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Salvador, Ilhéus/Itabuna e Ipiaú (Bahia), Recife, Alagoas (Serra da Barriga), Teresina (Piauí), e Rio de Janeiro.

História

A história conta que a maioria dos homens escravizados retirados da África eram capturados nas regiões delimitadas pelo atual território de Angola. Inicialmente eles eram capturados na região norte e embarcados para as Américas a partir dos portos de Mpinda na foz do rio Zaire, e Ambriz, a norte de Luanda (1526) . A fundação da cidade de Luanda em 1575 permitiu criar mais uma região do tráfico de escravos, a mais importante dos portugueses na primeira metade do século XVII, alimentados por homens escravizados provenientes, sobretudo do reino do Ndongo, Matamba, e Cassange.

No século XVII 68% dos homens escravizados que entraram no Brasil saíram de Angola. Daí em diante todos os homens escravizados que entraram no Brasil saíram exclusivamente dos portos de Angola, nomeadamente do porto de Benguela, depois da fundação da cidade com o mesmo nome em 1617. Os homens escravizados que passaram a ser “exportados do porto de Benguela, pois tornou um dos portos mais importantes para o mercado de escravos. Os escravos não eram capturados apenas na província de Benguela, eles vinham também do planalto central (Huambo) e do planalto do Bié, isto é do reino dos Ovimbundu, fato que permitiu, criar uma nova rota de escravos no sul de Angola nos finais do século XVIII.

Na primeira metade do século XIX os escravos passaram a ser capturados também na Lunda no leste de Angola, tendo se criado um corredor por onde os escravos caminhavam em caravanas até ao porto de Benguela. Portanto do século XVII até meados do século XX, todos os escravos que entraram no Brasil saíram exclusivamente de Angola. O que justifica o fato da cultura angolana estar incrustada na cultura brasileira. A visita do soberano do reino do Bailundo é um fato histórico ele simboliza o encontro de descendentes do povo bantu com um soberano da mesma etnia, séculos após a abolição, significa um encontro de laços que o oceano Atlântico não conseguiu apagar.

Fonte bibliográfica consultada: Museu Nacional da Escravatura – Luanda/Angola

4 comentários em “Rei Tradicional Bantu convida Judith Luacute ao Palácio Real para preparar visita de Katuvanjesi”

  1. Uma jornada grande que o senhor tata Walmir
    Tem pessoas que nao sabe o que comentar quando a nação é diferente rs (risos )
    Mas pra mim é bom ler e aprender, pegar conhecimentos com pessoas certas
    Makuiu meu tata

  2. luciano carvalho gomes

    É emocionante , contagiante ……o axé ferve na veia , arrepia a coluna medular, mareia os olhos de emoção , é isso axé firmando e reafirmando o sacerdócio, a fé . Será um prazer inenarrável receber a visita do soberano do Bailundo ao Brasil .Taata Katuvanjesi o Sr nos representa e nos fortalece na medida em que é o Sr o nosso maior e melhor representante , nós povos de terreiro da Nação Angola reverenciamos O Rei do Bailundo, Armindo Francisco Kalupeteka “Ekwikwi V”, .Em tempo agradeço ao Sr por nos representar e pela luta em representações do movimento negro e de povos e comunidades tradicionais de matriz africana.Maku Iu . Ngunzo!!!!

  3. Leandro Justino Silva

    Boa tarde,

    Este é uma vitoria muito grande do povo de nação Congo Angola. Pois receber a visita de um rei é de muito importante. E fico muito feliz em fazer parte desta casa.

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