Coletivo realiza ato público e cultural em homenagem à Claudia da Silva Ferreira

Coletivo realiza ato público e cultural em homenagem à Claudia da Silva Ferreira

Manifestação acontecerá nesta sexta (18) em São Paulo e busca chamar a atenção da sociedade para a barbárie à qual negros são expostos diariamente no Brasil

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São Paulo/SP – Organizado coletivamente com a participação de ONGs, associações, coletivos culturais, empresas, órgãos da imprensa formal e informal e por profissionais de várias áreas das artes e interessados na vida em sociedade de modo geral, o ato público e cultural, intitulado “A Paixão de Claudia”, surge como uma homenagem à mulher negra Claudia da Silva Ferreira, 38 anos, que no dia 16 de março de 2014, foi atingida por uma bala perdida disparada por agentes da Polícia Militar do Rio de Janeiro, socorrida pela mesma ainda em vida e arrastada por cerca de 350 metros , chegando ao hospital morta e com partes de seu corpo em carne viva.

A tragédia, obviamente, não obteve repercussão significativa na “grande imprensa”, ou teve, porém sem que se desse a devida atenção ao ocorrido. Por conta disso, a mobilização via redes sociais busca reunir força suficiente para mobilizar e chamar a atenção da sociedade para a barbárie à qual negros são expostos diariamente no Brasil. “E se fosse uma mulher de família branca e de classe média? Haveria maior comoção social? Acreditamos veemente que sim. Uma vida não vale mais do que outra, nós brasileiros precisamos compreender”, afirmam os organizadores do evento através da página no Facebook.

A escolha do dia 18 de abril para realização do ato também é simbólica. Além de ser feriado, o que facilita a participação das pessoas e não causa danos aos transportes nem ao trânsito da cidade, é uma clara referência à chamada “paixão de Cristo”, remontando aos últimos momentos da vida de Jesus, torturado e assassinado por seu discurso e suas ações contra a opressão e em favor da liberdade. “Compreendemos que essa Claudia, e muitas outras Claudias, levam em seus corpos e em suas vidas cotidianas as chagas de uma sociedade desigual, que não as confere o devido valor enquanto força motriz da nação em eterno desenvolvimento e enquanto mulheres que são, seres humanos com sonhos, desejos, necessidades, direitos e deveres”, contam os organizadores.

O Ato contará com manifestações, performances e apresentações realizadas nas mais diversas linguagens das artes, em uma celebração ao que os organizadores chamam de “mãe preta do Brasil”, as famílias negras, as famílias coloridas, o direito à vida, ao respeito ao cidadão, à cidadã, aos acessos básicos ao direito de ir e vir, à saúde, à educação, à moradia, ao fim dessa condição de cidadania de segunda classe a qual está relegada parte expressiva da população brasileira.

A concentração acontecerá em frente à igreja da Nossa Senhora da Consolação (por volta das 14h) e seguirá em cortejo ao som de atabaques até à Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, no Largo do Paissandu, onde encontra-se a estátua da Mãe Preta, feita pelo artista Júlio Guerra representando todas as mães pretas que foram e são base desse Brasil. No Largo do Paissandu será armado um palco no qual, entre 16h e 20h acontecerão apresentações de música, dança, artes cênicas, literatura e artes visuais, sempre com foco no tema do ato cultural. “Sem mulher negra não teríamos nada. A sociedade brasileira precisa de suas “Claudias” para continuar produzindo, criando, dançando, passeando, trabalhando, vivendo”, completam os organizadores.

Para mais informações, confira a página do evento.

Arnaldo dos Anjos, da redação Kimwanga-Nsangu – Agência de Notícias

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