Itapecerica da Serra/SP – Há um novo paradigma epistemológico, sobretudo no campo das ciências humanas, sendo gestado nas américas (Latina), ao qual se denominou de epistemologias decoloniais. Trata-se de um conjunto de pressupostos teóricos que visa reposicionar os sujeitos (população negra e indígena) que foram subalternizados pelo colonialismo, de forma a visibilizar qualitativamente suas contribuições epistemológicas, nos mais diversos campos da atuação humana.
Nessa perspectiva, o Instituto Latino Americano de Tradições Bantu (ILABANTU) tem atuado para a valorização, sobretudo dos saberes inerentes ao acervo cultural de matriz africana de origem bantu, no Brasil.
Fruto dessa atuação, é a participação na banca de defesa da dissertação de mestrado pela Universidade Federal do Sul da Bahia da mestranda Kamila Gomes, Kota Muxinandê, iniciada no terreiro de tradição Kongo-Angola, Nzo Tumbansi, em Itapecerica da Serra, na grande São Paulo.
A defesa de mestrado será realizada no dia 5 de março, às 11h00, intitulada Roda de Saberes- Chamada de Angola: caminhos para uma educação antirracista e tem como tema as contribuições dos saberes afro-bantu para rede de ensino público e privado mediante às leis 10639/03, que determina a obrigatoriedade do ensino da história da África e contribuições culturais dos povos africanos no Brasil. O recorte da pesquisa delimita-se às contribuições da Capoeira Angola e do Candomblé na prática de ensino.
Taata Nkisi Katuvanjesi (Walmir Damasceno), dirigente tradicional do Nzo Tumbansi e coordenador do Ilabantu, estará na banca como um dos avaliadores externos da defesa. Está atuação em um espaço acadêmico coincide com a possível aprovação da concessão de título de notório saber, por meio da revisão do regimento da Universidade Federal de São Paulo que ocorrerá nos dias 17 e 24 de março.
O que implicará na inclusão dos mestres e mestras dos saberes e fazeres tradicionais como professores e pesquisadores no âmbito do ensino superior. Resultado das articulações promovidas pelo Ilabantu na valorização dos diversos conhecimentos presentes nos arcabouços culturais dos povos tradicionais para a revalorização dos modelos de universidade no Brasil.