Tata Katuvanjesi (Walmir Damasceno) desembarcou dia 12 de abril em Angola, país da África central, onde mantém há mais de 10 anos relações estreitas de amizade, irmandade, fraternidade. O desembarque em Luanda do dirigente da Comunidade Centro Africana de Terreiro de Candomblé Inzo Tumbansi, igualmente representante diplomático responsável para Brasil, América Latina e Caribe do Centro Internacional de Civilizações Bantu(CICIBA), e coordenador do ILABANTU, organizações sediada na cidade paulista de Itapecerica da Serra, foi recepcionado por José Luís Lopes; engenheira Paula Silva; Edson Raimundo Calixto Cacolo e Kindumbo da Cunha.
A viagem foi possível graças ao apoio de empresários e instituições da sociedade civil, a exemplo de José Luís Lopes, da Cabo Sheu; Edson Raimundo Cacolo, da Hetoca Engenharia Estudos e Projetos; e Associação Mãos Livres, organização de defesa dos direitos humanos e combate ao racismo, fundada pelo advogado e deputado da Assembleia Nacional de Angola, David Mendes, dentro acordo de cooperação que esta ONG angolana tem com o ILABANTU.
Objetivo da viagem
Com sua chegada a Luanda, Tata Katuvanjesi, iniciou a gravação de um curta-metragem visando busca de respostas ancestrais em Angola, do seu relevante patrimônio cultural que permeia o Candomblé.
Para o documentário foi captado imagens em algumas localidades do país com depoimentos de entidades tradicionais das regiões por onde as cenas foram captadas. Da lista de figuras constam o Reino Lunda Tchokwe de Mwatchisenge-wa-Tembo, em Saurimo, na Lunda-Sul, e membros das autoridades tradicionais da Ilha do Mussulo, que lideram as autoridades tradicionais da província de Luanda, com cooperação de Kindumbo da Cunha, diretor da plataforma de informações culturais digital Nkakás Ngola (os ancestrais ordenam), que contribui na produção do filme.
No segundo dia de chegada a Luanda, capital da República de Angola, Tata Katuvanjesi teve seu primeiro encontro com as autoridades tradicionais da província de Luanda, sob a liderança de Mwene Yxi Nganzua, Soba grande de Luanda, dia 13 de abril, na sua visita ao Museu Nacional da Antropologia, onde visitou a exposição permanente e a mostra coletiva “Educação Patriótica e Cultural”, esta última produzida pela Kaniaki Cultural e com curadoria do artista Guilherme Kaniaki.
Documentário
“Tumbansi Twa Nzambi” trata de questões relacionadas à espiritualidade e ancestralidade, herança africana de Angola que tem forte presença nas culturas do Brasil com o repensar do Candomblé, a partir da presença dos africanos na condição de escravizados e à composição social do país em que há uma clara definição dos papéis de mulheres e homens na sociedade brasileira que África, sobretudo Angola, contribuiu na construção e formação.
A produção do documentário visa traçar um panorama sobre as práticas culturais dos Bantu em Angola, que se encontra com a realidade dos afro-bantu brasileiros. “Em Angola, a tradição teima em sobreviver e os ventos de modernidade não conseguem romper costumes e tradições ancestrais”. Tata Katuvanjesi acrescenta que o documentário serve como uma manifestação cultural que pretende desvendar os mistérios dos ancestrais a fim de desmistificá-los e os seus conhecimentos passados de geração a geração.
Ilha do Cabo ou Ilha de Luanda
Todo tempo que esteve em Angola, Tata Katuvanjesi ficou hospedado na Ilha de Luanda, também conhecida por Ilha do Cabo, local estratégico e de forte presença espiritual e ancestral onde se realiza as grandes festas do passado, que movimentavam milhares de pessoas de todo do país e até estrangeiros, local marcado pela realização das Festas das Kiandas, semelhantes as festas de Iemanjá no Brasil, além do tradicional e habitual ritual denominado “Kakulo”, que consiste em oferta ao mar comidas, flores bebidas e outras iguarias, uma forma de alimentar os ancestrais e antepassados. Esta localidade é habitada e frequentada por Peixeiras (vendedoras de peixes), as respeitadas Benssanganas, mulheres detentoras dos saberes e fazeres ancestrais. “Kakulo”, um ritual das mamãs da Ilha que se vestem de panos e, consequentemente, fazem o xinguilamento (incorporação), para a importância dos ritos de agradecimento à natureza, semelhantes as práticas do Candomblé.
Localizada na Ilha de Luanda, a Igreja de Nossa Senhora do Cabo, uma das mais antigas de Angola, construída em 1575 pelos portugueses que viviam na Ilha antes da mudança da cidade de Luanda para o continente. Dessa Igreja, sai a passeata com a imagem de Nossa Senhora do Cabo que realça a prosperidade e a saúde do povo ilhéu, idêntico a festa de Nossa Senhora da Conceição da Praia, onde se realiza os festejos de Iemanjá em Salvador, Bahia. “Tudo isso faz parte de um ritual que já encontrámos. Fizemos a tradição para que as coisas corram bem ”, contou a Bessangana, tia Mabunda, em bate papo com Tata Katuvanjesi.
As festividades da Ilha do Cabo são realizadas anualmente com muita espiritualidade e ancestralidade, música, poesia, teatro, artesanato e gastronomia, desde a Chicala até ao Ponto Final.
Reino Lunda Tchokwe de Mwatchisenge-wa-Tembo: Apogeu da visita.
O Rei do povo Lunda Tchokwe, Mwene Mwatchissengue Wa Tembo, organizou Encontro Espiritual e Ancestral para a valorização de Culturas, celebrando com júbilo a visita do representante da Comunidade de Candomblé de Matriz Centro Africana Nzo Tumbansi, coordenador do ILABANTU e representante do Centro Internacional de Civilizações Bantu (CICIBA), Tata Nkisi Katuvanjesi (Walmir Damasceno), que aconteceu em Saurimo, de 20 a 24 de abril. O evento denominado Tchiwanhino Mahamba Malemba, que em língua Tchokwe significa Encontro Espiritual e Ancestral, superou expectativas e reuniu autoridades tradicionais majoritariamente da região leste de Angola com finalidade de difundir e disseminar as culturas dos Lunda Tchokwe.
O representante do ILABANTU e da Comunidade de Candomblé Inzo Tumbansi, com sede em Itapecerica da Serra, na grande São Paulo, faz questão de se identificar como “africano brasileiro” desembarcou na capital da Lunda Sul, dia 20 de abril às 14h30 onde era aguardado por grande comitiva integrada por Myanangana e membros da corte real, que recepcionou o retornado. Ainda no Aeroporto Deolinda Rodrigues recebeu cumprimentos iniciais e em comitiva seguiu para residência protocolar do Soberano Lunda Tchokwe onde era aguardado por sua Majestade, o Rei Lukhassa João, que saudou Tata Katuvanjesi como “um filho que a casa torna”. Tata Katuvanjesi ficou bastante impressionado com as diferentes manifestações culturais, espirituais e ancestrais do povo Lunda Tchokwe, que o levou a não permitir que este evento se ficasse apenas pelo reinado do povo Tchokwe, cuja capital é Saurimo, mas que fosse alargado além-fronteiras, e o primeiro país a acolher este feito poderá ser o Brasil.
Segundo o ativista Euclides Mucazo, que fez parte da coordenação do evento, esta iniciativa estender-se-á para outros povos da região Leste de Angola, cujas identidades culturais se confundem. Cerca de 300 pessoas participaram do evento, com destaque para diversas autoridades do poder tradicional e espiritual entre Sobas, Séculos, Imbandas entre outros. A comitiva do africano brasileiro Tata Katuvanjesi assistiu a várias cerimónias espirituais e ancestrais, as danças tchianda, muango, ibanga, cafundeji, muchete, entre outras que simbolizam culturas dos Tchokwe.
A visita do africano brasileiro, que é membro de importantes organizações no Brasil, América Latina e África, é igualmente representante do Centro de Estudos Afrobrasileiros da Universidade Federal de São Paulo (NEAB-UNIFESP), coordenador adjunto do Movimento Federalista Pan Africano na América Latina, representa também o Centro Internacional de Pesquisa e Documentação sobre Tradições e Idiomas Africanos (CERDOTOLA), com sede em Yaoundé, capital dos Camarões, já estava agendada desde 2020, esperava-se apenas pelo abrandamento da crise sanitária que assolou a humanidade: a Covid-19.
O Centro internacional de Civilizações Bantu (CICIBA) que tem sede em Libreville, capital da República do Gabão, é a principal organização mundial dedicada ao estudo dos Bantu. Criado em 1982, tem por missão favorecer o diálogo entre culturas dos 11 Estados membros que contam com 150 milhões de habitantes e falam 450 línguas locais. Os países membros do CICIBA incluem Angola, Camarões, República Centro-Africana, Comores, República Democrática do Congo, República do Congo, Guiné Equatorial, Gabão, Ruanda, São Tomé e Príncipe e Zâmbia.
A atividade organizada pelo Reino Lunda Tchokwe seguiu uma rigorosa programação: Às 09h00 do dia 20 de abril, concentração da Corte Real e das Autoridades Tradicionais na residência Oficial do Rei Lunda Tchokwe; 12h00, embarque de Tata Nkisi Katuvanjesi (Walmir Damasceno) no Aeroporto Internacional 4 de fevereiro, em Luanda para Saurimo, capital da Lunda Sul;14h00, chegada de Tata Nkisi Katuvanjesi no Aeroporto Deolinda Rodrigues, Saurimo; 14h45, recepção da comitiva com grupo de dança tradicional na residência oficial do Rei Lunda Tchokwe; 15h15, ocorreu o primeiro encontro de Tata Katuvanjesi com o Soberano Lunda Tchokwe e a Corte Real no Jango, construção ligeira e sem paredes, geralmente circular e coberta de colmo, usada por soberanos tradicionais para receber e recepcionar dignitários, autoridades políticas e diplomáticas.
Neste local Tata Katuvanjesi pediu permissão para consultar Kèzú(Noz de Cola), sobre presença no Reino Lunda Tchokwe obtendo respostas positivas dos seus ancestrais e antepassados; 16h00, repouso de Tata Katuvanjesi e comitiva no Hotel Ulengo, Saurimo, capital da Lunda Sul; dia 21, 06h30, concentração da Corte Real e das Autoridades Tradicionais na residência oficial do Rei Tchokwe; 08h00, sua Majestade, soberano Mwatchisenge wa Tempo, após ofertar o traje Mukambo, deu a conhecer a toda corte seu mais novo membro, o Mwanangana Katuvanjesi. Mwanangana é uma autoridade política, legal e religiosa que governa com o apoio dos antepassados, aos quais presta culto. Em seguida, Sua Majestade, Rei Tchokwe Mwene Mwatchisenge-Wa-Tembo e Tata Katuvanjesi, Corte Real e Autoridades Tradicionais, seguiu em comitiva para Sweja, sede do Reino, onde aconteceram diversas e variadas atividades rituais e espirituais e ainda encontro de cortesia com governador provincial da Lunda-Sul, engenheiro Daniel Felix Neto, que se emocionou ao ver Tata Nkisi Katuvanjesi (Walmir Damasceno); 11h00, partida da comitiva e sua Majestade para o local da atividade, na sede do Reino; 11h45, e o primeiro ato foi visita ao Cemitério onde repousam os reis Lunda Tchokwe junto com a comitiva do Rei, já trajando com as vestes tradicionais.
Neste local, Tata Katuvanjesi realizou ritual aos ancestrais com a Longa lha Uhma (prato) e a Swaha (Quartinha), de forma semelhante como é feito no Candomblé, e aproveitou a oportunidade para louvar a memória de Nengwa Twenda dya Nzambi (Maria Genoveva do Bomfim, Maria Neném); 12h00, início da atividade com o ato de homenagem de Tata Nkisi Katuvanjesi (Walmir Damasceno), à Sua Majestade, na sede do Reino, que lhe foi conferido Título de Grande Benemérito da Cultura Tradicional Bantu Brasileira; 12h15, apresentação de Artefatos Tradicionais Tchokwe, Adivinhas, Makombe e Danças; 13h00, palestra com Myanangana, visitantes e Estudantes Universitário, na sede do Reino, em Sweja; 15h00, almoço de confraternização, momento cultural e encerramento na sede do Reino Lunda Tchokwe; dia 22 e abril, 11h00, encontro de Tata Nkisi Katuvanjesi com a Sua Majestade, Autoridades Tradicionais, Espirituais e Ancestrais conferiu a Tata Katuvanjesi(Walmir Damasceno) o título de Honra ao Mérito do Reino Lunda Tchokwe, ofertando o Ngombo em cerimônia de transmissão aos ensinamentos do referido sistema oracular dos Tchokwe na presença dos Curandeiros, Adivinhos e autoridades tradicionais do Reino. Pela primeira vez após a escravidão colonial, o Ngombo, oráculo divinatório do povo Lunda Tchokwe, com efeito o Ngombo atravessou o oceano atlântico e já está no Brasil, sob a guarda do Nzo Tumbansi – ILABANTU.
Bom dia!
Maravilhoso esse documento e ou documentário.
Parabéns aos envolvidos.
Mukuiu!
Parabéns, Mwanangana!
Salve sua Coroa!
Maravilhoso esse documemtario essa materia q bom poder ler algo de realistico sobre nossa religião parabens a todos envolvidos nessa empreitada isso sim é Angola Muxicongo e não as loucuras q vejo por ai parabens ao Tombensi por tamanha responsabilidade Gongobila sauda a todos meu makuiu .